sexta-feira, 23 de abril de 2010

Xi Yan (Banquete de casamento)






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Cinema a moda antiga com temática moderna? Acho que um bom e velho final feliz pra todos ainda funciona em um filme.

O filme foca mais nas diferenças culturais e sentimentos do que no fator -gay- em si. Vale a pena ver se você gosta de filmes romantico/familiar, ou se procura filmes com tematica, ou se você for Chines. Eu recomendo o filme, mas não vai agradar a todos.


Banquete de casamento parece mais o final de uma serie dramática do que uma narrativa de cinema. Algumas vezes o filme faz parece estar faltando alguma informação, não por conta da língua e nem falta de informação do texto, panas fatores aleatórios parecem carregar a narrativa pro climax.
 
Nesse ponto eu preciso dizer, Ang Lee é um ótimo cineasta. Se compararmos suas obras vamos ver opostos. Enquanto "Brokeback Mountain" (2005) fala de uma vida inteira e muitas relações, Banquete de Casamento fala apenas de um momento importante. É ate bem objetivo.

1993 agora parece tao distante. Lee visitar o tema da homossexualidade como relação humana não é  sorte, e sim de visão. Mereceu os premios que ganhou. Estamos falando de trazer um tema marginalizado pra o mainstream.
A estória segue um chinês Wai-tung Gao (Winston Chao) que é homossexual e vive com o namorado Andrew (Dion Birney). No começo eles não transmitem nenhuma química, parecem dois desconhecidos. Com o passar do filme a relação toma ares realísticos (jogando com alguns clichês). O foco da narrativa são os pais de Wai, que querem que ele case.

A idealização do que são os pais de Wai é muito mais forte do que a representação real deles. Imagino que eles foram adaptados ao final feliz, o que funciona. Se observarmos a época, o fato de tratar de homossexualidade, as diferenças culturais (O diretor sendo chinês deve entender mais que um Brasileiro). É difícil crer que o senhor e senhora Gao (Sihung Lung e Ya-lei Kuei) possam ser tão contraditoriamente liberais.

Sobre a premissa do filme:
Andrew tem a brilhante idéia de que Wai casar com uma moça chinesa que aluga um apartamento dele pode ser a solução pra todos. Wai tem cidadania americana e Wei-wei (May Chin) precisa de Greencard pra ficar nos USA. Os pais de Wai então vem presenciar o casório, Andrew se torna, então, coadjuvante. Wai e Wei-Wei agora passam a ter uma relação relutante. Não sei se eles se gostam de verdade, a pra mim um conflito cultural entre espectador e a compreensão do filme.
O casamento deles deveria ser simples, mas uma reviravolta obvia faz com que se torne um casamento grande (os tons de humor de Ang Lee não são fluidos, muito mecânicos). Wei-Wei se aproveita de Wai bêbado e ela engravida. A partir daí tudo se encaminha pro final feliz.
Ang Lee faz filmes que são mal interpretados. São esteticamente e "filmicamente" incomuns (como HULK), mas ele é ousado e experimenta coisas novas, claro que não agrada todo mundo.
Alguns filmes escolhem mostrar a verdade nua e crua, outros a arte e estética. Uns são só entretenimento, enquanto outros tem lição de moral. Este filme representa o que é a situação e o ponto de vista do diretor de como ela poderia ser resolvida. O filme é leve. Alguns podem ate se sentir ofendidos pelo filme. Triste, perdem tanto da própria vida se preocupando com pudores ultrapassados e ilógicos.
Eu devo aproveitar a ocasião do filme e perguntar, por que as pessoas ainda se incomodam com as decisões que refletem apenas a vida dos outros. Decisões de amor que não confrontam religião, não causam mal, não envolvem dinheiro e nem atingem diretamente pessoas; fica parecendo que para muito o desrespeito e preconceito são uma espécie de carma ou diversão sádica. Deixar as pessoas viverem felizes é uma idéia tão difícil? Se as pessoas não fossem diferentes, seriamos insuportavelmente iguais.

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